quinta-feira, 26 de maio de 2016

Titã barrasco

Estou sentado ao pé do riacho
A cortar queijo curado.. À navalha

O barulho do azeite
Ensurdecedor...

Quase pensei que a lamparina
Era as traseiras de um pirilampo
E o pavio, um fogo-fátuo
Que lá se erguia do rio

O caranguejo na praia
com a sua pose de saboneteira
Filmava os banhistas
Para a seguir, vender cassetes.

O desgraçado que andava no gamansso
Todo janado, pernas abertas
Rabo de cavalo e cara de tanso
Acabou por pedir
Para dar de comer
Aqueles, filhos da mulher da fruta.....

O coelho comeu uma banana
Muito bem instruído, cheio de sorte
Lancetou uma orelha
Pensou que era um unicórnio
Lançou-se à fogueira
Saiu de lá a trote

Sou a eternidade e o tempo
O universo está na minha boca
Divino não seria 
Eternizar-me pelo mundo
E poder estar contido na toca?




sábado, 30 de abril de 2016

Panorama

Escorre-me intelectualidade pelo pénis abaixo.
Puuuuuuuuffffff... Mais um revirar de olhos
Mais uma chance de um sorriso..De não sei o quê

No fim, sentados em frente à TV
A beliscar o comando
Com o comprimido tomado..
À espera que passe...

Pedimos limpeza
Mas só fazemos merda
Ansiamos a fartura
E só comemos a fome



domingo, 13 de março de 2016

Conversa de balcão

Todos tios
Primos
Sobrinhos
Netos uns dos outros

Uma mão fechada
Nunca deu nada a ninguém
Já dois dedos
Apenas deu para segurar um cigarro

A petulância passou
Dos canos de esgoto
A um rio a Céu aberto

Fui Sebastião e Silva
Mudei para da Silva
As vezes para de Silva e qualquer coisa
A ponto de aparecer com as calças na mão.

Vi tomar o comprimido
E esperar que passasse
Que quebrasse a consciência
De aguentar a impermanência

Como uma Venus nua
Não vi quem reinventasse
Deixando ali a mão
Contida no mínimo.