quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Amanhousser

Algum trâmite prossegue
Visto à luz do fogo
Nos lençóis da noite
Que se fluem na mata 
E se desvencilham à aurora

De dois pares de lunetas
Ferrou as mãos
Enrola na areia, vai e vem
Espuma do mar e água

Ah que me dirigiram 
Um imperativo categórico
Uma ontologia de qualquer coisa
Um pincel borrado de tinta
Uma equação de resultado
Aleatório de como duas ondas
Se sentem duais à beleza 
Da claridade psicadélica

Ao riso da manha
Já virou antologia
Bela representação
Da beleza que se estende
Aos doces manejos
Do mar de éter, calcificado

Arrombado sem qualquer meio
Fechado sem qualquer motivo
A que resta saber, se ao sonho
A cama tirasse

O sono se propagaria no lingote da espécie.

Ano 41

Riam e abanavam o braçal
De mão fechada
Como se tal mão
Alguma vez tivesse dado algo a alguém

Semearam a semente
Infertil 
Transgénica
Modificada para pingar propaganda

Nos ouvidos das pobres borboletas
Entre fogo e insecticida
Pelourinhos e ladroagem
Despertaram para o cio
De uma tal libertinagem
Que sem igual nunca se vira até então

Agora por ai andam..
Mentira ali, falácia acolá
Milhão, menos milhão
Com uma seita de liberais disfarçados
Que quando se vêm na falência
Urge a necessidade de mamar na têta 
E perde-se o tesão digno, do ganho privado

Até que então, tudo permanece
A cartesis pura
Embriões filhos da puta
Com meios e obrigação

Seguem a cantar… ao lado de Caronte. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Pedrada na janela

Entrou-me, claro, pela janela
De madrugada, vento ligeiro
Folhas dançantes, orvalho
Que mais parecia uma marcha de fadas

Observei aquele pôr do Sol
Estático como uma coluna jónia
Erguida pelo cruel manejo
Das pedras erectas como lanças

Encontrei em mim uma árvore
Ao contrário, com uma peruca de raízes
E um corpo de ramos, apegados ao tronco
Que me fazia a crer que o reflexo
Se devia à inerente e aprendida teimosia
De me ver em pé, com a cabeça no solo
Pisando o espelho celeste

Olhei mais para dentro
Nada mais restava
A não ser uma projecção não localizada
De um derramamento de alegria
Envolvido em qualquer coisa de 
Que sem a pretensão de saber

Lá mergulhei.

sábado, 5 de setembro de 2015

Ourives de porcelana.

São dois sóis
Tão transparentes,
e reflexivos como a superficie
das águas de algum degelo qualquer

Queria tanto olhar para eles
Ver amor e felicidade
Ou toda a espécie de qualquer coisa
Que me deixa ambiguamente
Entregue ao doce maneio do seu tamanho

Vejo-me no meio das poeiras galáticas
Lá fiz questão de deixar essas estrelas
E toda a felicidade nelas contidas
Para que houvesse espaço suficiente
Para não serem amesquinhadas pela vizinhança.

Tal doçura parda, cor de Outono
Coloquei no meu saco de pano
E segui para lá daquela estrada sem dono.