Entrou-me, claro, pela janela
De madrugada, vento ligeiro
Folhas dançantes, orvalho
Que mais parecia uma marcha de fadas
Observei aquele pôr do Sol
Estático como uma coluna jónia
Erguida pelo cruel manejo
Das pedras erectas como lanças
Encontrei em mim uma árvore
Ao contrário, com uma peruca de raízes
E um corpo de ramos, apegados ao tronco
Que me fazia a crer que o reflexo
Se devia à inerente e aprendida teimosia
De me ver em pé, com a cabeça no solo
Pisando o espelho celeste
Olhei mais para dentro
Nada mais restava
A não ser uma projecção não localizada
De um derramamento de alegria
Envolvido em qualquer coisa de
Que sem a pretensão de saber
Lá mergulhei.
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