terça-feira, 15 de setembro de 2015

Pedrada na janela

Entrou-me, claro, pela janela
De madrugada, vento ligeiro
Folhas dançantes, orvalho
Que mais parecia uma marcha de fadas

Observei aquele pôr do Sol
Estático como uma coluna jónia
Erguida pelo cruel manejo
Das pedras erectas como lanças

Encontrei em mim uma árvore
Ao contrário, com uma peruca de raízes
E um corpo de ramos, apegados ao tronco
Que me fazia a crer que o reflexo
Se devia à inerente e aprendida teimosia
De me ver em pé, com a cabeça no solo
Pisando o espelho celeste

Olhei mais para dentro
Nada mais restava
A não ser uma projecção não localizada
De um derramamento de alegria
Envolvido em qualquer coisa de 
Que sem a pretensão de saber

Lá mergulhei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário